quinta-feira, 22 de setembro de 2011

4º Congresso Nacional....

Negros cobram mais oportunidades de trabalho em bancos e no sistema financeiro


Representantes de entidades defensoras da inclusão de negros no mercado de trabalho cobraram da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mais oportunidade para os afrodescendentes no sistema financeiro nacional. Em audiência da Subcomissão Permanente em Defesa do Emprego e da Previdência Social, na manhã de segunda-feira (19), os participantes reclamaram da falta de oportunidade e da pouca presença dos negros atuando nas instituições bancárias brasileiras.


A situação já foi pior, mas ainda precisa melhorar, segundo frei David Santos, diretor-executivo da Educafro, ONG que atua na área da educação:


- Os bancos só acordaram para o problema a partir de 2003, quando houve uma ocupação de movimentos negros de uma agência do Itaú. A partir de então, a instituição que tinha pouco mais de 170 funcionários negros passou para mais de 2.700 - afirmou.


De acordo com frei David, atualmente, no Brasil, 81% dos bancários são brancos. Além de serem minoria nas agências, os negros ainda têm dificuldade de obter promoção: apenas 20% conseguem ascensão na carreira. Os dados são do Mapa da Diversidade no Setor Bancário, elaborado pela Febraban, que aponta ainda defasagem salarial: funcionários negros recebem em média 64,2% do salário dos brancos.


O procurador-geral do Trabalho, Luís Antônio Camargo de Melo, lembrou que a Procuradoria chegou a entrar com ações civis públicas contra os bancos, mostrando a discriminação existente no setor, mas lamentou a falta de sensibilidade do Judiciário, já que todas foram julgadas improcedentes.


- Apesar disso, a iniciativa foi válida, pois mostramos situação violadora dos direitos humanos existente na área financeira - acrescentou.


Diante das críticas, a Febraban comunicou ao presidente da audiência, senador Paulo Paim (PT-RS), que aceitaria o diálogo com representantes dos movimentos negros. O encontro já foi marcado para esta terça-feira (20), fato comemorado pelo público presente.


Qualificação profissional


Os convidados defenderam a reservas de vagas para os negros. Entretanto, a procuradora do Trabalho, Andrea Nice Lima Lopes, alertou para o fato de não ser possível falar em política de cotas sem tratar da educação e da qualificação profissional. Ela citou o que ocorre em concursos públicos, nos quais as vagas reservadas a portadores de deficiência nem sempre são preenchidas.


- As empresas não são obrigadas a fazer favor. Seja qual for o sistema de cota, para negros ou deficientes, elas precisam de gente competente e que produza - afirmou.


Outro fato comemorado pelo público presente à audiência foi o anúncio do defensor público-geral do Rio de Janeiro, Nilson Bruno Filho, de que o próximo concurso público da Defensoria do Estado, previsto para 2012, terá 20% das vagas reservadas para negros.


Segundo, Nilson, a Defensoria fluminense é a maior do país, com 800 defensores, entretanto, apenas 12 são negros.


- Ainda para 2011, pretendo fazer a mesma coisa com a cota de estagiários. Para os brasileiros, é normal ver negros e pardos em profissões mais simples, mas não é normal vê-los em uma universidade - lamentou, após fazer um relato emocionado de sua história de vida.


Ao defender o sistema de cotas, Nilson Filho - que também é negro - disse que essa medida "não é uma facilitação, mas uma forma de oferecer acesso aos que não tiveram as mesmas oportunidades na vida".


Analfabetismo


O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) também defendeu o sistema de cotas raciais, mas fez uma ressalva: a luta dos movimentos precisa ser mais ampla, incluindo, por exemplo, a erradicação do analfabetismo.


- A cota para universidades, por exemplo, só é válida para os que concluíram o ensino médio. Mas e aqueles que foram abrigados a abandonar a escola ou sequer sabem ler ou escrever? Estes sequer terão a chance de qualquer sistema de cota - disse.


Agência Senado

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Uma voz em favor dos marginalizados, Leci Brandão faz 67 anos


Com 36 anos de carreira, uma das poucas vozes em favor dos marginalizados pela sociedade na música popular brasileira, Leci Brandão, completa 67 anos no dia 12.

A cantora, compositora e agora política Leci Brandão tem sua trajetória baseada na luta em defesa de uma sociedade mais justa e solidária, expressando essa vontade em suas canções e agora na política. De origem humilde, como ela própria define, “minha mãe era servente de escola pública”, afirma e complementa “morei na escola e fui ajudante de minha mãe”.
A primeira mulher a participar da ala dos compositores da escola de samba Mangueira, começou sua carreira com ajuda do crítico musical Sérgio Cabral que a apresentou a Discos Marcus Pereira. Em 1973 passou a participar do Teatro Opinião, uma trincheira contra a ditadura militar na época. O primeiro LP (antecessor do CD) foi gravado em 1975, Antes Que Eu Volte a Ser Nada.
Em todos esses 36 anos Leci tem sido convocada a cantar em inúmeros “eventos oferecidos com sindicalistas, estudantes, índios, prostitutas, gays, partidos de esquerda, movimento de mulheres e principalmente o movimento negro”, diz sua biografia em seu site www.lecibrandao.com.br. Ela conta que desde o momento em que decidiu seguir carreira artística assumiu um compromisso de que “faria da minha arte um instrumento em defesa dos menos favorecidos”.
Essa vontade se expressa em suas canções, inclusive na vetada pela gravadora Polygram, Zé do Caroço, motivo pelo qual ela rompeu com a gravadora em 1981. Na letra dessa música ela mostra sua verve: “Pra dizer de uma vez pra esse moço/Carnaval não é esse colosso/Nossa escola é raiz, é madeira/Mas é o Morro do Pau da Bandeira/De uma Vila Izabel verdadeira/O Zé do Caroço trabalha/O Zé do Caroço batalha/ E que malha o preço da feira/E na hora que a televisão brasileira/Distrai toda gente com a sua novela/É o Zé do Caroço que põe a boca no mundo”. Não à toa a canção foi vetada pela gravadora multinacional.
Muitas de suas músicas tratam dos problemas do país de forma singela, como Anjos da Guarda – uma singela declaração a favor da educação –, Estrelas Negras, Isso é Fundo de Quintal, Sem Compromisso, O Dono e o Povo, Perdoa, entre muitas outras, tais como Café com Pão, que diz: “acorda meu amor/É hora de levantar/Tem café com pão torrado/Só falta você provar/Interrompe esse teu sono/Nessa hora, todo dia/Pro trabalho sem abono/Enfrentar com valentia/o teu tronco é tão gostoso/Teu momento de descanso/O teu jeito preguiçoso/Despertando o corpo manso/Acorda, meu amor/É hora de levantar/Tem café com pão torrado/Só pra você provar”.
Com a posse de Lula è Presidência da República, em 2003, Leci Brandão passou a integrar o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial e do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Ela tem a consciência de que muitas das dificuldades enfrentadas em sua vida foram causadas pelo racismo. “Quando fui procurar o primeiro emprego, o fato de ser negra atrasou o processo. Os empregadores queriam ‘moça de boa aparência’, que significava ‘ser branca’”, afirma.
Em 2010 filiou-se ao PCdoB e elegeu-se deputada estadual por São Paulo. Sua atuação na Assembleia Legislativa paulista firma-se como uma das vozes mais constantes na luta contra todas as formas de discriminação. Leci denuncia a violência contra os jovens da periferia, sendo os negros os mais atingidos, contra as mulheres, contra os homoafetivos, contra todos os marginalizados um sistema excludente. Exclusão que ela sentiu na própria pele. Mas, como a maioria do povo brasileiro, ela resiste e diz: “jamais perdi a esperança por dias melhores. Elegemos um metalúrgico para presidente. Da mesma forma, elegemos uma mulher. Agora só falta uma pessoa da nossa etnia”.
A luta promovida pela deputada, resultado de todo seu trabalho artístico e cultural, faz parte da nossa história e da vontade de todos os que defendem um Brasil para todos os brasileiros e condenam qualquer tipo de discriminação.
A deputada Leci Brandão acompanha todos os trabalhos envolvendo as lutas pra combater todas as formas de violência e afirma que “as entidades (da sociedade civil) exigem dos três poderes as providências urgentes para pôr fim às diversas violências presentes no nosso cotidiano pelo país afora” e ainda completa seu raciocínio afirmando que “a impunidade é inaceitável e precisamos criar projetos de lei que façam com que o Judiciário cumpra seu papel de forma afirmativa”.
Ela estarrece com a afirmação peremptória e conclui: “infelizmente, no Brasil, somente pobres, mormente negros, é que vão para as cadeias”.
Por toda sua obra e seu trabalho por um Brasil mais justo e por vida melhor para todos, parabéns Leci Brandão por seus 67 anos de vida e 36 de carreira artística sempre em favor de um Brasil solidário e humano.

Anjos da Guarda (1995)

Professores
Protetores das crianças do meu país
Eu queria, gostaria
De um discurso bem mais feliz
Porque tudo é educação
É matéria de todo o tempo
Ensinem a quem sabe tudo
A entregar o conhecimento
Na sala de aula
É que se forma um cidadão
Na sala de aula
Que se muda uma nação
Na sala de aula
Não há idade, nem cor
Por isso aceite e respeite
O meu professor
Batam palmas pra ele
Batam palmas pra ele
Batam palmas pra ele



Zé do Caroço (1981)

Lelelelê Lelelelelelelelelê
Lelelelê Lelelelelelelelelê
No serviço de auto-falante
Do morro do Pau da Bandeira
Quem avisa é o Zé do Caroço
Que amanhã vai fazer alvoroço
Alertando a favela inteira
Como eu queria que fosse em Mangueira
Que existisse outro Zé do Caroço (Caroço, Caroço)
Pra dizer de uma vez pra esse moço
Carnaval não é esse colosso
Nossa escola é raiz, é madeira
Mas é o Morro do Pau da Bandeira
De uma Vila Isabel verdadeira
O Zé do Caroço trabalha
O Zé do Caroço batalha
E que malha o preço da feira
E na hora que a televisão brasileira
Distrai toda gente com a sua novela
É que o Zé põe a boca no mundo
Ele faz um discurso profundo
Ele quer ver o bem da favela
Está nascendo um novo líder
No morro do Pau da Bandeira
Está nascendo um novo líder
No morro do Pau da Bandeira
No morro do Pau da Bandeira
No morro do Pau da Bandeira




Perdoa (2003)

-Muita Calma Nessa Hora, Hein!
Estou sofrendo, te querendo
Não dá mais prá controlar
Essa dor que me invade
Dá vontade de te amar...
Estou quase enlouquecendo
Você não quer perdoar
Sei que estou te perdendo
Impossível aceitar...
Se te machuquei amor, perdoa!
Não sentir o teu calor, magoa!
Volta aí vamos ficar, na boa!
Nunca mais vamos brigar, à toa!...
Já tentei te esquecer
Mas meu coração não quis
Nada mais me dá prazer
Só com você eu sou feliz...
Estou sofrendo, te querendo
Não dá mais prá controlar
Essa dor que me invade
Dá vontade de te amar...
Estou quase enlouquecendo
Você não quer perdoar
Sei que estou te perdendo
Impossível aceitar...
Se te machuquei amor, perdoe!
Não sentir o teu calor, magoa!
Volta aí vamos ficar, na boa!
Nunca mais vamos brigar, à toa!...
Já tentei te esquecer
Mas meu coração não quis
Nada mais me dá prazer
Só com você eu sou feliz...
Se te machuquei amor, perdoa!
Não sentir o teu calor, magoa!
Volta aí vamos ficar, na boa!
Nunca mais vamos brigar, à toa!...